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História
2000 AC – As origens do jiu-jitsu

2000 ACÉ muito difícil precisar quando ou onde exatamente o jiu-jitsu se originou. Apesar dos esforços de muitos historiadores e de evidências que apontam para os monges budistas da Índia, elementos básicos de luta corpo a corpo podem ser encontrados em lugares como a Grécia, Índia, China, Roma e até na América nativa.

Ao tentar entender a origem definitiva do Jiu-Jitsu Brasileiro, deve-se evitar a simplificação de se atribuir sua criação a uma pessoa, a um grupo ou a uma época. O Jiu-Jitsu, como o compreendemos hoje, é uma maneira natural e intuitiva de combate que teve manifestações rudimentares em várias culturas e em diferentes momentos históricos.

Mas uma arte marcial não é composta apenas de técnicas ou estratégias de combate. A filosofia que define o propósito da prática e o código moral dos praticantes formam um elemento poderoso que não apenas determina a direção do desenvolvimento técnico mas a sobrevivência ou não da arte propriamente dita.
356 AC - O Jiu-Jitsu na Índia

356 ACA partir desse ponto de vista, faz todo sentido associar os monges budistas da Índia de cerca de 2.000 anos antes de Cristo com as origens do Jiu-Jitsu.

O sistema de valores budista de profundo respeito a todas as formas de vida permitiu o desenvolvimento de um sistema de defesa pessoal que visasse neutralizar uma agressão sem necessariamente machucar o agressor. Envolvido por importantes princípios budistas como o de agir de um modo não-prejudicial ou da busca do domínio próprio e do esclarecimento, o Jiu-Jitsu atendeu muito bem as necessidades de defesa pessoal dos monges e se espalhou por toda a Ásia em direção a China e mais tarde ao Japão, seguindo a expansão do budismo no continente.
1700 - O Jiu-Jitsu no Japão – A Era de Ouro e o Declínio da Arte Suave

Embora seja seguro presumir que versões rudimentares do Jiu-Jitsu tenham surgido em muitas culturas e em diferentes momentos, foi no Japão feudal do segundo milênio d. C. que a arte encontrou um terreno fértil que permitiu que ela se desenvolvesse e se estabelecesse como um estilo de combate muito difundido.

Num país dividido pelo sistema feudal, com cada feudo tendo seu próprio grupo de guerreiros –os samurais – o Jiu-Jitsu se tornou uma habilidade de luta necessária para a sobrevivência de combate. Mas o termo Jiu-Jitsu (jujutsu) não foi criado até o século 17 d. C., tornando-se, após esse período, um termo comum para uma grande variedade de treinamentos relacionados a luta corpo a corpo.

O Jiu-Jitsu se desenvolveu entre os samurais como uma maneira de derrotar, sem o uso de armas, um adversário armado e protegido com armadura. Por se mostrar ineficiente o ataque a um oponente com armadura, os praticantes aprenderam que os métodos mais eficazesde neutralizar um inimigo assumiam a forma de imobilizações, chaves em articulações e quedas.
Estas técnicas foram desenvolvidas em torno do princípio do usoda energia de um agressor contra ele próprio,ao invés de se opor a ela diretamente.

Entretanto, com a Restauração Meiji, um movimento político que pôs fim ao sistema feudal japonês e deu início a industrialização do país, a prestigiosa classe dos samurais perdeu sua importância original.

As radicais transformações políticas, culturais e sociais que aconteceram no Japão no século 19, fizeram o Jiu-Jitsu passar de uma arte de combate respeitável para prática ilegal, enquanto o governo se esforçava para repreender os combates sangrentos que estavam acontecendo entre os antigos e desempregados samurais e seus discípulos.
1882 - Kano Jiu-Jitsu

1882Jigoro Kano (1860-1938) ,membro do Ministério de Cultura e Artes Marciais do Japão, teve um papel importante no resgate da reputação do Jiu-Jitsu em momentos de paz.

Kano achavaque o Jiu-Jitsu podia servir, não apenas como instrumento de luta, mas também como uma maneira eficaz de educar o indivíduo epermitir que homens e mulheres adotassem um estilo de vida mais equilibrado com o desenvolvimentodo potencial de cada um. Em outras palavras, Kano percebeu que o Jiu-Jitsu poderia ser usado como uma poderosa ferramenta educacional capaz de favorecer o desenvolvimento de qualquer ser humano e o via como um apoio às metas japonesas de desenvolvimento social e econômico.

Complementando sua atualizada filosofia de treinamento, Kano se esforçou em adotar novos métodos de ensino e retirar técnicas perigosas. Estas mudanças permitiram aos praticantes treinos seguros mas muito intensos,nos quais cada um podia dar tudo de si – o que hoje conhecemos como luta ou treino livre.

Esta nova abordagem filosófica e metodológica da prática do Jiu-Jitsu – que ficou conhecida na época como Kano Jiu-Jitsu e mais tarde como Judô – causou um impacto muito positivo na sociedade japonesa e ajudou o Jiu-Jitsu a recuperar sua posição social que vinha decaindo desde a Restauração Meiji.

Complementando a profunda filosofia e os inovadores métodos de treinamento de Kano, muitas regras foram introduzidas a fim de redefinir o foco da prática e a luta de chão – a parte principal do Jiu-Jitsu Brasileiro – foi menosprezada restringindo-se a poucos movimentos.

Isso criou um paradoxo interessante: embora as mudanças feitas por Kano tivessem contribuído tremendamente para a sobrevivência da tradição de uma arte marcial milenar, o foco nas quedas criou um estilo de luta fragmentado que perdeu a ligação com a essência do Jiu-Jitsu e com a realidade do combate de verdade. Paralelamente a reconquista da reputação do Jiu-Jitsu na sociedade japonesa, ocorreu um declínio da luta de chão, que reunia as habilidades mais eficazes que o Jiu-Jitsu tinha a oferecer.

Entre os excepcionais alunos de Kano estava Mitsuyu Maeda, um lutador que se beneficiou com as inovações de Kano mas que tinha suas origens em outras escolas de Jiu-Jitsu que davam ênfase às habilidades de luta de chão e de defesa pessoal em situações reais de combate.

Maeda, que mais tarde ficou conhecido como Conde Koma, tinha habilidades acima da média e foi mandado ao exterior para ajudar a difundir o Jiu-Jitsu em diferentes culturas. Após viajar para muitos lugares incluindo os Estados Unidos, a América Central e Europa, Maeda desembarcou no Brasil em 1.914. Aqui ele iria conhecer um jovem rapaz chamado Carlos Gracie e plantar a semente que manteria viva a essência do Jiu-Jitsu.
1914 - O Jiu-Jitsu chega ao Brasil
Maeda e Carlos Gracie passam a se conhecer – Conde Koma

1914Um campeão por si só e aluno de Jigoro Kano, Maeda começou suas viagens ao exterior com um grupo que participava de desafios em todo o mundo. Em 1.914, ele chegou ao estado do Pará, na região norte do Brasil, para ajudar a estabelecer a colônia japonesa na região.

Ao fixar residência em Belém do Pará, era natural que Maeda fizesse uso de suas notáveis habilidades de luta em demonstrações, apresentações e até em circos como forma de ganhar a vida e de disseminar a cultura japonesa.

A primeira vez que Carlos Gracie viu o Conde Koma foi em uma dessas demonstrações. Ele ficou espantado com a capacidade de Koma em derrotar adversários muito maiores e mais fortes que ele.

Carlos Gracie era um jovem rebelde e seus pais, Gastão e Cesalina, estavam perdendo o controle sobre ele. Ativo e irrequieto, ele estava dando muito trabalho. Ao saber que Maeda tinha começado a ensinar Jiu-Jitsu, Gastão decidiu levá-lo para aprender como forma de acalmar e disciplinar seu filho.
1916 - Carlos Gracie

1916Carlos foi apresentado ao Jiu-Jitsu aos 14 anos de idade por Mitsuyu Maeda e se tornou um ávido aluno por alguns anos. Os treinamentos sob a orientação de Maeda tiveram um impacto profundo em sua mente. Ele jamais havia sentido o nível de autocontrole e autoconfiança proporcionado pela prática do Jiu-Jitsu.

A afinidade que podia sentir com o próprio corpo a cada treino fez com que Carlos passasse a ter uma compreensão maior de sua natureza, de suas limitações e de suas forças, e lhe trouxe um sentimento de paz que ele nunca tinha sentido antes.
Os momentos com Maeda não duraram muito tempo. Passados menos de 5 anos do dia em que começou a treinar, Carlos teve que se mudar para o Rio de Janeiro junto com seus pais e irmãos. Chegando na então capital do Brasil com 20 anos, Carlos Gracie encontrou dificuldade em se adaptar à nova vida e trabalhar num emprego normal.

Apesar de trabalhar em instituições do governo, o espírito rebelde de Carlos não o deixava em paz. O desejo de ensinar a arte que tinha aprendido com Maeda já estava vivo e ele decidiu ir em busca disso. A profissão de professor de artes marciais no começo do século 20 no Brasil não era exatamente a mais promissora. O conhecimento que as pessoas tinham a respeito disso era praticamente inexistente, o que tornava muito difícil encontrar alunos dispostos a pagar para aprender.

As únicas pessoas que davam valor no que Carlos Gracie tinha para ensinar eram os integrantes da Polícia e uma oportunidade para dar aulas finalmente apareceu para ele no estado de Minas Gerais.

A paixão pelo Jiu-Jitsu e a dedicação de Koma em torná-lo um campeão fizeram o Carlos dar um novo sentido para sua vida. A partir de então, Carlos começou a utilizar e ver o Jiu-Jitsu como instrumento para ajudá-lo a encontrar seu rumo. Mais que isso, com o tempo ele optou pelo Jiu-Jitsu como um ideal pelo qual valia a pena lutar e o adotou com força e determinação. Carlos Gracie teve boas oportunidades profissionais. Após alguns anos em Minas, Carlos decidiu se mudar para São Paulo e então voltou para o Rio. Devido ao seu espírito independente e sua convicção nas grandes coisas que o Jiu-Jitsu podia fazer para as pessoas comuns, tornou-se difícil para ele restringir seus ensinamentos à Polícia.

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